eu apertei o play, adentrei outro mundo e nesse ritmo, eu dançava uma dança sem nome mas que a alma reconhecia como sua
não me importava se isso me desnudava, se era erótico, extasiante, orgásmico, não era o que me preocupava,
eu vivia por esse prazer
eu deixo a força da correnteza da minha alma se esvair pelos meus olhos,
toda a água vaza como uma represa violentada, a natureza agora viva, era assim meu corpo mesmo que frágil e com essa água salgada que rolando, parecia estar diluindo os fantasmas de minha mente como um sagrado exorcismo cristão
e eu me pergunto, será que eram demônios? eu, agora crucificado, carregando nesse eterno martírio a insignificância do meu sacrifício, que nada de tinha de sacro era o mais terrível ofício,
o beijo de Judas, a mão acusadora de Herodes, a negação de Paulo o aviltamento de Barrabás e eu tal qual, ali também morria como ladrão,
não um ladrão do povo, mas das palavras que jamais foram faladas e que agora morrem.