Lucas Rolim

LABIRINTO

Há o toque. 
Há...
Há o ar que. 
Toca. 
E nas vibrações do sentir cada curva e a proximidade de ser. 
Pétalas que tocam o pé. Ponta dos dedos. 
O cascalho que abraça as dobras dos dedos e distancia e se recobra e é neste vai e vem incessante que. 
Tu.
Abre os olhos e os olhos que não se querem abrir sentem. 
O sol que cega é o mesmo que amarelo-branco tu consomes sem sentir o gosto. 
Aos poucos tu te dás conta de que tu tocas a grama e que tua mão fecha os dedos com a violência de quem não cede e para. 
Tu ouves um grito nas dobras da parede que te ladeia. Crispa a pele de pelos de pedra. Tu tocas co' ouvido e dobra os olhos pra dentro. 
Ecos... São apenas ecos.
Tu te levantas e põe-se a correr com o peso da tua dor a guiar os teus passos. 
E tu andas sem rumo de um lado a outro e a imensidão de paredes cinzas contrastam o cinza de teus murchos olhos que sequer choram ou sangram ou.

"Há um labirinto que não reconheço em mim meu Deus! E é este não saber pra onde... 
Há um caminho? 
Há um por onde? 
Tu iluminas o meu caminho? 
Tu abocanhas as minhas dores e bota num pote e mostra que à frente há uma luz que?
Há apenas um labirinto aqui dentro e o caminho é este. Seguir a esmo. De olhos fechados para o toque de.".

Tu te cansas e apodreces ali mesmo. Tu não tens por que seguir. Tu para. O caminho que tu caminhas não te leva a canto algum. Heis tu!
Não te enganes com o propósito de que ao fim de um corredor tu acharás respostas, pois a vida te confiou simplesmente ser.