Nuno Rau

TREM FANTASMA

entropia de luzes prévias
como a treva e o cio
das estrelas cancros de rancores
vagos e ardendo [ocaso de promessas...] dentro
não paira nem
vacila [olhos vendados!]
eclipse final das esperanças sem premissas
plenário das ausências reunidas
azinhavre sobre a pele cínica dos dias
azulejos brancos bisotados compostos contra a
louça azul de um ton sur ton como a agonia
das manhãs de cadafalsos entre as flores
fáceis onde eu não
conheço exatamente a fímbria
[joelhos contra
o chão!
pés amarrados!]
diazepan xenical paracetamol café de tez
amarga em chávenas de lata e a estreita
clara mas estreita várzea de uma voz
que cala e se multiplica dentro
das mesmas tardes de terra seca
fala seca beijo de saliva seca
píncaros de lama seca
[areia movediça!
merda!]
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para enfeitar a Noite do meu Bem.