Julio Urrutiaga Almada

O QUE DIZEM

Ontem me disseram amor e eu não escutava
Em outro dia tristeza, em outro alegria.
Quantas coisas fui e nem palavra
Hoje só a lembrança do teu olhar.
Hoje nenhum dia nem sexta-feira.
Hoje essa areia triste na qual fico.
Se bebo de outra água não é nova.
Eu que sei o novo do que é velho.
Eu que espio a madrugada
E colho na escuridão
O renascer das trevas.
A luz - semente de ver com outros olhos.
Se é terça ou domingo outra história.
Sou o fartar do tempo explodido.
Meu coração, essa agulha, me despedaça.
Nenhum chorar já não o sinto.
Sou o que diziam teus olhos
Sou a tua mão tocando tua flor
Sem colhê-la e tenho na
Mente, o aroma da intenção,
De ser o que eu nunca era
Verde, a olhar o ser uma flor
Faminto tocado pelo porvir
Semente carregando semente do amanhecer
E um homem beijado por seu ardor.
Falta da falta e nem tanto
Lenço desfeito no pranto.