José Wanderley

A FOTO FATAL (33)

Não, felizmente
esta foto fatal não foi batida.
Nela apareceriam
as bordoadas se encaixando m mim
como pombos em seus pomborifícios
do pombal:
o ajuste perfeito.

Felizmente não foi batida.
Não verão minha impotência
diante das porradas
nem a parte de mim que esperava por elas.

A foto não doeria, não, mas
um departamento de mim
- que dispensa exatidões -
rejeita
enquanto relembra:
a que não foi batida,
a que não tem testemunhas,
é a única foto verdadeiramente fatal,
aqui.

Se meus olhos batem no papel
se vêem o que lembro
o papel pega fogo
os olhos se apagam
o livro se acaba.